Quase um terço das empresas portuguesas admite ter sido alvo de fraude no último ano, sendo que as tipologias mais frequentes estavam ligados a meios de pagamento e a apropriação indevida de ativos, segundo um estudo da consultora Deloitte.
As conclusões referem que 28% das organizações reportam ter sofrido este tipo de incidentes. Durante este ano, as principais tipologias de fraude ou infrações conexas identificadas foram a fraude em meios de pagamento (45%), a apropriação indevida de ativos (38%) e os ataques cibernéticos (34%).
O estudo “Corruption & Fraud Survey 2025” indica que a maioria das empresas inquiridas já dispõe de mecanismos de prevenção e deteção de fraude, mantendo-se a tendência verificada nos últimos anos de crescimento na adoção de canais e procedimentos de gestão e monitorização de denúncias, presentes em 91% das empresas, mais sete pontos percentuais do que em 2024. Segue-se a implementação de políticas de gestão de risco de fraude (57%) e a realização de avaliações periódicas de risco (50%).
Para Gonçalo Quintino, partner da Deloitte e um dos autores do estudo, a edição deste ano demonstra que “existe uma maior consciencialização por parte das empresas para a fraude e a corrupção. Nesse sentido, é crucial que as empresas continuem a apostar em mecanismos de deteção de fraude, um trabalho que tem vindo a ser de certa forma simplificado graças à crescente utilização de ferramentas tecnológicas cada vez mais eficientes”.
Combate ao suborno
De forma consistente, a maior parte das empresas já cumpre os requisitos do Regime Geral da Prevenção da Corrupção (RGPC), com destaque para o código de conduta (97%), canal de denúncias (95%), plano de prevenção de riscos de corrupção e infrações conexas (79%), programas de formação anticorrupção (72%) e relatórios de avaliação publicados nos websites institucionais (60%). Ainda assim, apenas 10% das organizações detêm a certificação ISO 37001, um sistema internacional que apoia as empresas na implementação de medidas de prevenção e combate ao suborno.
No que respeita ao uso de ferramentas tecnológicas para deteção de fraude, mais de três quartos das empresas (76%) ainda não recorrem a este tipo de soluções, sendo um dos principais motivos apontados o elevado investimento necessário (35%).
Em Portugal, entre os inquiridos do “Corruption & Fraud Survey”, destacam-se as ferramentas de “analytics” baseadas em regras de deteção de padrões de fraude (22%) e as que combinam regras de negócio com modelos analíticos (17%).
A maioria das organizações inquiridas já dispõe de mecanismos de prevenção e deteção de fraude, mantendo-se a tendência verificada nos últimos anos de crescimento na adoção de canais e procedimentos de gestão e monitorização. De salientar que mais de metade dos inquiridos (56%) consideram que a ocorrência de eventos de fraude, independentemente da sua deteção, tem impacto direto na posição financeira das empresas, estimado entre 0,5% e 2% da receita.
O estudo indica ainda que perante cenários de possíveis eventos adversos, as organizações ainda estão a responder de forma sobretudo reativa, reforçando controlos imediatos e específicos, como medidas adicionais em sistemas de contas a pagar ou controlos periódicos e formações, em detrimento de abordagens estruturais e preventivas que permitam repensar a gestão de riscos de forma mais abrangente.







