Gouveia e Melo revela que tem recebido “em privado” apoios do PS, PSD e CDS

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Candidato diz que problemas na Saúde são de organização e que PR deve exigir “Boa governação”:  “O país há muito tempo anda com o rumo pouco definido”

O candidato presidencial Henrique Gouveia e Melo disse hoje que tem recebido apoio de pessoas do PS, do PSD, do CDS e não só políticos, reafirmando-se como independente e sem partidos. “Ontem [segunda-feira] o doutor Manuel Pizarro fez o favor de declarar o seu apoio e para mim é importante ter o apoio de pessoas independentes que estão na política também há alguns anos, mas eu sou apoiado por muitas pessoas de outros setores, não são só políticos“, disse Gouveia e Melo.

O candidato falava aos jornalistas no final de uma visita a uma fábrica de calçado de Felgueiras, no distrito do Porto, e um dia depois de ter sido confirmado o apoio do antigo ministro socialista da Saúde Manuel Pizarro à candidatura de Gouveia e Melo. Questionado sobre este apoio, Henrique Gouveia e Melo disse que “em privado” recebe apoios do PS, do PSD, do CDS.

Alguns até dizem: ‘eu tenho que fingir que vou apoiar outro candidato, mas depois vou lá pôr cruz no seu nome’. Faz parte da política. Sou independente, concorro sem partidos, o meu partido é Portugal, e todos os portugueses podem fazer parte desse partido”, referiu.

Manuel Pizarro, que perdeu para Pedro Duarte a eleição para a autarquia portuense nas eleições disputadas em 12 de outubro, compareceu na segunda-feira no Ciclo de Conferências: Acelerar Portugal – Inteligência Artificial, organizado pela Associação Nacional de Jovens Empresários para assistir à intervenção de Gouveia e Melo.

Também na segunda-feira, em entrevista à RTP, João Cotrim Figueiredo, antigo líder da Iniciativa Liberal que se candidata à Presidência da República assegurou a sua independência, garantindo não estar ligado a “organizações discretas”. “Se alguém se aproximasse de mim vindo da maçonaria e me quisesse apoiar, eu recusava esse apoio, porque não considero que uma organização discreta numa democracia deva ter a influência que a maçonaria tem nalgumas organizações políticas”, declarou o candidato.

Confrontado com estas declarações, Gouveia e Melo desvalorizou-as: “A sociedade portuguesa tem muitos maçons. A maior parte deles não se dão a conhecer, nem ninguém sabe que são maçons. É como dizer que há apoio de católicos ou de cristãos“, referiu. Para o almirante na reserva estas “são coisas que servem agora para o embate político, mas na realidade não têm nenhum significado”.

“Quando falo de independência, é de uma independência relativamente a interesses, mas também às lógicas partidárias. Esse adversário, que eu respeito enquanto pessoa, enquanto adversário, dizer que tem independência partidária custa-me um bocado a crer, mas pronto, é a posição dele”, concluiu.

Saúde tem problema de organização

Sobre o assunto central dos últimos dias – a Saúde, Gouveia e Melo disse que “o país há muito tempo anda com o rumo pouco definido”, reiterando que “o que está a acontecer na saúde é um problema de organização”.

“O que está a acontecer na saúde é um problema de organização que já vem a afetar o setor de saúde há algum tempo, não é a de agora. O problema é que, para resolver um problema de organização que implica com atores muito diversificados que estão a operar no sistema de saúde, é preciso ter coragem, é preciso fazer reformas estruturais e é preciso saber para onde é que se quer ir”, disse o candidato.

Andamos a governar para os telejornais, para os noticiários, para as pressões, e não andamos a governar para o médio e longo prazo, que é aquilo que transforma verdadeiramente o país”, disse. Questionado sobre se vê o setor da saúde sem rumo, Gouveia e Melo considerou que a questão está na estratégia e no modelo.

“Nós queremos um SNS [Serviço Nacional de Saúde] público com capacidade para dar segurança aos portugueses, principalmente aos portugueses mais desfavorecidos, ou queremos abrir caminho para uma privatização mais global do sistema de saúde português, indo para o sistema tipo americano com as consequências para a população mais desfavorecida. Como ninguém fala sobre isso, não há um rumo definido, não havendo um rumo definido, não há necessariamente políticas coerentes”, considerou.

Questionado sobre qual o modelo que defende, Gouveia e Melo escudou-se no cargo ao qual se candidata: “Eu candidato-me à Presidência da República, não a um Governo executivo e esse problema é da governação”, disse. Para o almirante, “o que o Presidente tem que fazer é, interpretando a vontade de todo o povo, exigir uma boa governação”, ou seja “exigir que esse caminho seja feito para um objetivo que seja servir a população”, frisou.

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